31.5.07

RAPIDINHAS CULTURAIS

O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE:
Fingimento poético deve ser usado sem moderação

ESCOLHA FINAL
Eu te amo ou eu me amo?

LIDE
Pra quê?
Com quê?
Por quê?
Maaaaaaaaa nhê!

NEM VEM QUE NÃO É MEU
Toca essa água
Toca essa mágoa
Toca e deságua
Tocan tins

APRENDENDO JAPONÊS
Por Buda, não entendo nada!

PLANO B
BeBer até esquecer!

DANOU-SE
Crise amorosa implica, necessariamente, retrocesso literário?

28.5.07

Como um rato de laboratório, ela vive uma vida programada. Está condicionada a abrir primeiro o orkut, depois o e-mail e então o site do Campus. Acostumou-se a discar sempre o mesmo número, mesmo que queira falar com alguém novo. Condicionou-se a acordar sete minutos antes do despertador. A entrar no carro e girar a chave, ligar o rádio, começar a andar e só então colocar o cinto de segurança.

Ela está condicionada a achar a vida boa e não reclamar. Foi criada para organizar e ser “proativa”, não para dar ordens. A menina, coitada, acostumou-se a fazer muita coisa e fica cansada de fazer nada. Seu dia começa e termina sempre do mesmo jeito, com ela rezando para agradecer que tudo tenha saído exatamente igual – e certo. Ela foi condicionada a não chorar, não falar palavrão e evitar confrontos pessoais.

Como um rato de laboratório, ela encheu. Não quer mais saber o roteiro do dia seguinte e os passos das próximas semanas. Não quer ligar sempre para a mesma pessoa e no mesmo horário. Não quer mais abrir os Meus documentos e ir automática na pasta da UnB. Não quer se culpar por não ter tempo de ler um livro. Ela quer e não quer sair dessa vida condicionada. Porque ela se acostumou a fazer tudo igualmente certo. E ela está condicionada a achar a vida boa e não reclamar.

24.5.07

As borboletas na barriga voltaram. Aquele medo, o nervosismo, a vontade de ter coragem. E dessa vez as borboletas se estenderam aos pés, às mãos, ao corpo inteiro que sua frio na brasa quente. É desejo do novo, mãe. É querer o velho, pai. As borboletas tilintam no estômago e fazem cócegas boas. A iminência do imprevisto é tão gostosa que é tempo de festa para as mariposas. Mas o imprevisto é tão previsto que já sei o que vai acontecer. E elas se acalmam.

As borboletas na barriga voltaram. Elas vieram para uma manifestação rápida de novos olhares. Um afago no estômago pra eu sonhar um pouquinho mais. O nervosismo do primeiro encontro, a ansiedade de um emprego novo, a alegria da tal viagem, o medo de não voltar mais. Enquanto as borboletas se rebuliçarem dentro de mim, saberei que ainda há flores a serem descobertas e pessoas a serem desvendadas. As borboletas na barriga são a prova de que não estacionei e estou viva. Mas só agora elas voltaram e não sei por quanto tempo ficarão por aqui.

21.5.07

Terapia

Sabe o que é doutor... Estacionei!
Empaquei em cima do muro, parei durante a travessia na faixa de pedestres.
É tão confuso...
A pessoa certa na cidade errada e pessoas não tão erradas na cidade certa.
E eu parada, pensando no meio termo.
O que eu devo tomar pra essa crise, doutor? Aspirina, Novalgina ou naftalina?
Quando a gente acha que a coisa vai fluir, sabe, o vento cessa.
E fica tudo estacionado, em transe, à espera da nova brisa.
E ela não chega, porque já não é mais tempo de ventania.
Se eu sair dessa, perco o que tenho. Se eu entrar em outra, fico sem nada.
Complicado né?
Preciso aprender a criar crises de mentirinha, como antigamente.
Ficar mal só pra escrever um bom texto e conseguir dormir bem depois.
Crises reais não me deixar dormir depois, nem escrever bem.
Mas, até onde elas existem?
Doutor, isso já é transtorno bipolar.
Já é hemisfério sul oposto a hemisfério norte, arroz sem feijão, amor sem saudade.
Mas eu não gosto nem de feijão, nem de saudade.
Sabe o que é doutor... Estacionei!

18.5.07

Amor platônico

Se você me esnobar, você apaixona. Se fechar a cara, negar que também quer, nessa de querer e não poder, se apaixona também. Pense que, se eu dificultar as coisas, você se envolve nessa mais ainda. E se eu disser que não adianta, que já estou em outra, você não larga mais do meu pé.
Se você me esnobar, eu me apaixono. Se você for ridículo, estúpido, sonso, eu me apaixono três vezes mais. Se você brigar comigo, me enfrentar, gritar horrores pra se redimir de novo, eu me apaixono nessa escala. Se as suas idéias forem contrárias às minhas, ah, aí eu caso de vez!
Se você fingir que entende o que escrevo, você apaixona. Se você souber que eu sou casada, apaixona. E no primeiro fora que eu te der, você não vai querer sair mais nunca da minha vida. É coisa estranha, mas apaixona. E chega um momento que não dá mais para esconder tanta paixão. Mas, no encontro lindo da revelação, a gente desapaixona.

10.5.07

Redenção

Eu não quero escrever, mas eu preciso.
Coloca o blog no mundo e agora não quer cuidar?
Que mãe é essa que, em pleno mês de maio, abandona o filho desse jeito?
É como se ele estivesse na escolinha sozinho no fim da aula, coitado
Todos já foram embora, inclusive o amigo rico com a mãe bonitona.
Só a dele não chega pra buscar, pra atualizar, pra comparecer.
Ser filho abandonado é ruim demais.
Mas ser mãe pra dar assistência toda hora, é pior ainda.
Principalmente nestes tempos de vaca magra...
Se pelo menos osso de bovino inspirasse algum texto...
Mas não, a pressão vem de todos os lados:
Cuide do seu blog, dê atenção ao menino, não se esqueça do carinho diário.
A verdade é que o leite que tinha aqui já secou e o garotinho não se apega à mamadeira
Não existe um elaborador automático de textos, anedotas ou coisas legais de se ler?
Mamãe tem que trabalhar filhinho...
Estuda, rala, corre pra cá e pra lá, pega trânsito...
E, poxa, ainda tem que chegar em casa com a cabeça boa pra escrever?
Não dá.
Filhote, não quer passar umas férias na casa da vovó não?

3.5.07

Novo amor

Quero me apaixonar de novo, de preferência por alguém que não preste. Quero achar graça em ficar parada olhando o nada, pensando se ele, que nem me conhece, está parado e palerma pensando em mim também. Quero voltar a escrever que estou sofrendo horrores, só porque ele prometeu ligar e nada dessa joça de telefone dar sinal de vida. Quero me apaixonar, ah, por um amor platônico, biônico, saxofônico. Que eu ache o fim do mundo ficar sem vê-lo mais de 24 horas e largue essa vida de encontros quinzenais. Quero um amor que me mande flores, só pra eu achar ridículo lá no fundo e por fora matar de inveja as mal-amadas. Quero, ah se quero, divagar em textos melosos, contando do ser amado, do sonho na casa do campo e dos belos cômodos povoados de pirralhinhos. Um texto para abominar o trabalho feminino, o pós-doutorado, a vida moderna de corre corre, a dupla jornada de dona de casa que sustenta família, a falta de tempo para esticar as pernas. Quero me apaixonar de novo pra achar que o futuro se resume a você, nossos filhos, um bom fogão, uma geladeira nova e muito chão pra esfregar. E que essa paixão venha logo, pois estou quase sendo sugada por essa vida bandida de mulher independente.