Foram cinco dias de cinco vidas.
A primeira, na fazenda com os avós, me fez lembrar do tempo em que eu vivia entre o céu e a terra, contemplando sem pressa os dois limites, como se, para ser dona de tudo, um piscar de olhos bastasse.
E eu vi que o mundo ainda era meu.
A segunda, dentro de um carro com as pessoas que mais amo, me fez lembrar que previsões nada mais são do que privações. Planejar é dispensar metade das vidas que o mundo ainda quer nos oferecer.
E eu vi que, quanto mais futuro, menos presente.
A terceira, nas redações, me fez lembrar que eu não me desdobro 14 horas por dia só pelo dinheiro. Eu também trabalho pelo prazer de encontrar pessoas fáceis, que alegram meu dia, e pessoas difíceis, que me desafiam.
E eu vi que nem só o ócio conduz à paz.
A quarta, depois da fatídica pizza, me fez lembrar do tempo que eu amava mais e reclamava menos. Complicar nunca foi tão simples, nem tão cômodo. Perdida e estérica em um labirinto de erros.
E eu vi que, apesar de tudo, você estava ali para me resgatar.
A quinta, na saída, me fez lembrar que não preciso me angustiar por ser uma desangustiada. O mundo acontece e a gente só tem que acontecer com o mundo. Sem drama. Feliz.
E eu vi que estou sim no caminho certo.
