22.2.07

Estou feliz apesar de tudo
Estou cansada apesar da ociosidade
Adoro correria, odeio monotonia, amo comer besteiras
Às vezes, o final de semana deveria ser a semana e a semana deveria ser final de semana
Mas se assim fosse, eu cansaria o dobro, porque trabalharia menos
Gosto de me ocupar pra esquecer que tenho que ficar lembrando de detalhes
Gosto de pensar nas matérias que tenho que fazer, no que tenho que estudar, nos afazeres das próximas horas porque assim esqueço de pensar na saudade que eu sinto, na distância que eles estão, na vida mais fácil que eu levaria se...
"Se" é uma coisa boa de se pensar.
Porque se a gente pensa no se, parece que seria mais fácil se
Mas o se é uma ilusão e se a gente deve viver a realidade, o se não é cabível
Ou será que se...?
Ócio demais. Pensar no se é coisa de gente a toa.
Mas estou feliz apesar de tudo.


"Se a juventude soubesse e a velhice pudesse..."

14.2.07

Perdoa?
Doa.
Perdoa e doa a quem doer.
Desculpa?
Culpa.
Dez culpas e quem dá mais?
Dou-lhe uma, dou-lhe duas
Dou-lhe tudo.
Doa tudo.
Doa as culpas, aquelas dez culpas de nunca mais.
Mais nunca?
Nunca.
Mas quem decide o quê?
O que eu decido é certo e te culpo
Não te perdôo, não dôo, não quero mais.
Quero quem implore pelo perdão,
quem assuma a culpa e quem dê mais que dez.
Quem dá mais?
Não é pra entender, é pra levar.
Dou-lhe uma, dou-lhe duas e...
Desculpa, aquele outro levou.
Dói tudo.
Doe tudo.

12.2.07

Pálida como um carvão e estampada como um copo transparente. Assim era ela ao meio-dia. Não sabia bem se queria almoçar, dormir mais um pouco, tomar sol na hora que não pode. Não sabia direito se era de direita, se era de esquerda, se era canhota. Pintou a unha por pintar, com um esmalte que detesta, só pra poder arrancar logo em seguida. Deixou crescer o cabelo só para cortá-lo quando tivesse vontade. Rabiscou uma folha inteira para ter o que apagar depois. Fez um monte de coisa para fugir do tédio. Não conseguiu.

Era burra como um bicho inteligente e alegre como uma estátua. Gostava de bife de fígado para ser citada pelos amigos “mas conheço uma menina que gosta...” Gritava ao pé do ouvido, sussurrava ao telefone, adorava ficar irritada porque os outros sempre se irritavam mais. Usava chinelo nos pés errados, calça do avesso, roupa com etiqueta. Passou em universidades federais concorridíssimas, só para depois escandalizar a sociedade rejeitando a vaga. Gostava de sorvete no frio, de chocolate quente no calor. Dormia de calça jeans, saia de camisola. Era lúcida de nascença, doida por opção.

Mas um dia a destruíram. Descobriram suas manias, lançaram moda, ela virou exemplo a ser seguido, espelho das gentes produzidas em laboratório. Foram os piores momentos de sua vida. Meu Deus, quanta cópia original de si mesma. De doida passou a louca, de louca à desvairada, de desvairada à fim de carreira. Odiava tudo que era estranho, abominava o que era normal. E, por isso, preferiu acabar com tudo. Com tudo não, com apenas 87,23% porque isso de acabar com tudo é muito clichê.

10.2.07

A vontade que eu tenho é de não ter vontade
Nem de sentir nada, nem passar raiva, nem ser chocólatra.
A minha vontade é ficar à vontade pra falar o que quero
Pra viajar pra longe no fim de semana e voltar logo à rotina.
Tenho vontade de rotina.
Nas férias, que nunca são férias, me sinto sozinha, depressiva, chata.
Sinto que não sinto e sinto que deveria sentir menos.
Mas se sentisse menos, sentiria falta de sentir mais.
O dilema é inevitável. A insatisfação também.
Gosto da vida que levo mas, se pudesse, levaria mais.
Gosto das pessoas que tenho e tenho as pessoas que gosto.
Quando começo a discursar a lista de agradecimentos toda noite,
acho que Deus aciona o cronômetro do relógio e aumenta bem o som.
É hora de descansar.
Ou senão, ele já fala junto comigo, como num teste de memória.
Não mudo nem a ordem das pessoas pra Ele abençoar.
O chato é que tá todo mundo longe, todo mundo inacessível.
Quando vão inventar o teletransporte?
Enquanto isso, que o telefone transporte.
Mas ninguém me liga.Ninguém me liga e eu ligo.
Mas quando não ligo, eles ligam e exigem satisfações.
Tenho vontade de morar com todo mundo.
Mas a maior vontade que tenho é a de não ter vontade.
E viveria à vontade, sem essas melancolias inexplicáveis.

8.2.07

A Carol me ligou pedindo preu dar uma forcinha pro novo CD duplo dela...
Então pra vocês, centenas e milhares de acessadores dessa página, duas músicas perfeitas, que ouvi enquanto dirigia e cheguei a ficar até distraída no trânsito, de tão envolvida na música que eu estava e de como, sem motivo aparente, me identifiquei com as letras. Mas não bati o carro,tô muito boa motorista hehe.
Comprem o CD gente, a Carol, minha amiga, tá precisando muuuuito.

Eu Não Paro (Ana Carolina, Dudu Falcão e Lula Queiroga)
Quando eu vou parar e olhar pra mim?
Ficar de fora e olhar por dentro
Se eu não consigo organizar minhas idéias
Se eu não posso, se eu esqueço de mim?
E eu pensei que fosse forte, mas eu não sou
Quando eu vou parar pra ser feliz?
Que hora, se não dá tempo?
Se eu não me encontro nos lugares onde eu ando
Nem me conheço, viro o avesso de mim?
Se eu não sei o que é sonhar faz tanto tempo, tanto mar
E o meu lugar é aqui?
Uma rua atravessada em meu caminho
Nos meus olhos, mil faróis.
Preciso aprender a andar sozinho pra ouvir minha própria voz
Quem sabe assim eu paro pra pensar em mim

Claridade (Ana Carolina e Aleh )
Eu não vou te convencer do que é certo aqui pra mim
Eu não vou mudar você.
Deixa o tempo lhe mostrar, nossa história é mesmo assim...
Eu não quero mais correr, vou cuidar do meu jardim
Tenho flores pra você, deixa o vento lhe contar, ele sabe sobre mim.
Chora, pois a chuva de agora vai regar as suas rosas e a tristeza vai ter fim.
É hora, acabou a tempestade pra chegar a claridade do amor.

* Músicas do CD 2 do álbum Dois Quartos, de Ana Carolina.

6.2.07

Nada do que eu escrevo é por acaso.
Nada do que eu falo é por acaso.
Nada do que faço é por acaso.

Há intençoes em tudo.
Há verdades em todos os cantos.
Há mentiras por todos os lados.

Cuidado.