28.7.06

E às vezes o certo é perder o juízo
Trocar o namorado
Contar piadas de humor negro
E beber com as amigas.
Falar um palavrão
Chorar de raiva na frente de todo mundo
E não engolir desaforo algum.
Falar alto no meio da roda e dançar desajeitado.
Quem sabe, o certo seja o soco no olho
E a apologia às drogas.
Aquele voto nulo e a paralisação dos funcionários.
O certo é mão no futebol e pé na bunda de quem merece
Fazer cara feia e não dar bom dia ao porteiro.
O certo mesmo é som alto na madrugada
É comer depois das dez.
É inventar um pouco a vida pra parecer que tá feliz.
O certo é gostar do George Bush e fazer casaco de urso panda.
Chocolate no almoço, com salada de sobremesa.
O certo é dormir em colchão mole e na casa do namorado.
E quando tudo tiver certo assim...
A gente começa a fazer errado.

26.7.06

Estou cansada.
E é assim que começa um mini-poema que em algum dia comprido, memorizei.
"Estou cansada. Estou tão cansada,que fiz eu?
Estive embalando noite e dia,
um coração que não dormia
Desde que seu amor morreu."

Mas eu não embalo, eu embrulho.
Estou cansada de fazer muito e não fazer nada.
De ser responsável demais e não saber "dar a louca"
De gostar de escrever até nesses momentos
E de ser cansativa quando escrevo.
Na verdade, estou cansada de vir aqui e ver que escrevi pra mim mesma.
Vamos lá! Quem ler este texto cansado, coloca o dedo aqui.
E deixe um pontinho que seja lá nos comentários.
Saberei que passaram pelo meu cansaço.

24.7.06

Não gosto mais de vocês, advérbios.
Decididamente, instantaneamente, acabou.
Francamente, vocês não me acrescentam absolutamente nada.
Cansei.
Mas seu eu, ocasionalmente, precisar de algum de vocês, saiba que fico com o impreterivelmente.
É um advérbio tão bonito, que eu não teria onde usar.
Definitivamente, não gosto mais de vocês, advérbios.

20.7.06

E quando você não tiver palavras para definir o momento, use a dos outros.
"Tristeza não tem fim. Felicidade sim."

13.7.06

SURTOS PARA NÃO SEREM ENTENDIDOS

E o menino disse:
- Mamãe, quero ser revolucionário quando crescer.
- Vai ser médico, filho. É mais fácil...
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Clodoaldo era um menino bom. Clodoaldo sabia escrever e atravessava na faixa. Clodoaldo escutava as histórias repetidas da vovó sem se chatear. Clodoaldo comia primeiro o almoço e só depois a sobremesa. Clodoaldo gostava dos animais e sonhava em ser do Greenpeace.
Então por que cargas d´água deram ao Clodoaldo o nome de Clodoaldo?
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Eu queria ser poeta,
mas poeta não posso ser,
pois poeta pensa em tudo
e eu não penso em rimas agora.
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Ela decidiu vender o anel. Vendeu. Ela decidiu vender o colar também. Vendeu. Vendeu o vestido, o sapatinho branco, a meia calça, o arranjo do cabelo. Vendeu até a luvinha que a mãe lhe obrigara a usar na ocasião. Vendeu tudo e ficou sem nada. Nadinha. E a noite de núpcias foi lá no altar mesmo. Venderam tudo, compraram uma casinha no rancho e viveram felizes para sempre. Bens materiais não trazem felicidade mas, se vender, quem sabe...
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E se meu nome é Marcela Heitor eu tenho tendências genéticas a ter crise de identidade?
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10.7.06

A VERDADE É QUE É MENTIRA

E se alguém pedisse pra eu me descrever, eu começaria mentindo.
Diria que as vezes sou legal, as vezes nem tanto.
Que as vezes penso mais nos outros, outras vezes nem tanto.
Que amo muito, mas não tanto.
Que sou simples e complexa, cada um de um tanto.
E no meio da conversa falaria de peculiaridades:
De não gostar de feijão e, na proporção inversa,amar chocolate.
De recusar refrigerante pra engordar com outras besteiras
De querer ser isso e aquilo querendo nunca mudar o que sou.
Eu falaria de quando era pequena e que falava "ingar nenhum" pra filmadora.
E que uma vez inventei uma história de mundo das fadas tão convincente para uma amiguinha que nunca mais pude desmentir.
Acho que é por isso que sou mentirosa nata.
E é por isso que eu escrevo.
Escrever é para os que fingem, os pseudo-verdadeiros.
Nunca garantir a verdade, nunca dizer que é mentira.
E nessa mania de ocultar os fatos, de me entregar ao fingir, eu não consigo enganar ninguém.
Se eu mentir, você percebe. Se eu contar, você confia.
A minha mentira só vale para os meus poemas
E nem eles acreditam mais!

3.7.06

E se você me perguntasse para quem eu escrevo agora, eu responderia: pra você.
Você está lendo o que é seu, não são mais minhas essas palavras. Estou lhe dando todas elas de coração.
Lembrei de você e coloquei aqui. Você nem desconfiava e eu fui digitando guiada pela sua lembrança.
As risadas, os olhares, a hipótese de "quem sabe um dia", a saudade. Lembrei o bom que é ficarmos sem fazer nada junto... Você lembra?
Até essa repetição gramaticalmente condenável de "você" foi feita pra você.
Por mim. Pra você.
Eu escrevo agora pra uma pessoa especial, linda, companheira. Escrevo para que ela não se esqueça disso, nem eu.Não esquece, tá?
"A efemeridade da vida..." As coisas andam tão imediatas que é melhor deixar tudo registrado, tudo escrito direitinho.
Pois este é um tratado para você. Declaro aqui que você é especial para mim e assino no final.
Quem entra num poema não morre nunca. E você será eterno para sempre.