28.9.10

Ralo. No fundo do.

como torneira gotejante, eu vou minguando.
pingando
pingando
pinga
ando

e a água acabando
e a gota esgotando
e o pingo escorrendo
e a vida morrendo

ralando
ralando
ralo
ando

19.9.10

Achado

Achei um rascunho do fim de 2007, que comecei a escrever neste blog, mas sabe-se lá porque, não terminei, nem publiquei. Agora é como se eu tentasse continuar um texto iniciado em outra vida, envolvendo outras pessoas, outros sentimentos e futuros. Mas vou me permitir aceitar o desafio, só para ver o que sairia (ou ainda sai) dessa época.


Tenho um frequentador assíduo desse blog
Que é meu ídolo não só por isso
Ele me faz viver sem o menor esforço
E eu faço questão de ser sua fã
Porque não há nada melhor do que tê-lo por perto.

Tinha um frequentador assíduo desse blog
Que era meu espelho não só por isso
Ele me fez entender tudo que eu sou hoje e tudo que eu devo ser
E eu faço questão de ainda me ver nele
Porque não há imagem mais sincera.

O blog continua
Embora nem os textos, nem os frequentadores sejam mais os mesmos.
Mas acho que é assim com os ídolos e com os espelhos também.
E não houve nada melhor do que tê-lo por perto
Porque eu o tive da forma mais sincera

17.9.10

Soneto da (minha) fidelidade

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Em tudo meu amor me é atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face de meu desencanto
Ele se encanta mais em pensamento

Quero viver-te em cada vão momento
E esse amor espalhar em cada canto
Rir seu riso sem derramar seu pranto
Sem pesar, apenas contentamento

E assim, antes que a tarde nos procure
Quem sabe, de tão grande o nosso empenho
Quem sabe, de tão pleno que se ama

Eu possa me dizer do amor (que tenho):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

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13.9.10

Pois é

É meu caso de amor mais recente. E, juro, eu não esperava.
Tudo bem, eu nunca gostei muito de sol, parque e afins
Mas era bom acompanhar o ritmo de todo mundo e saber que estava fazendo as coisas direitinho, estável, exemplar.

Até que fui fisgada por esse misto de liberdade e solidão.
Pela magia de dirigir sozinha, na minha melhor companhia, em uma via deserta de carros e dores. Só eu, Deus e Chet Baker. Às vezes João.
Dá uma vontade de sorrir para os bêbados nessa hora.
Alguém quer uma carona?

É, é uma coisa maior que eu mesmo.
Uma relação ousada. Uma história boa de se contar.
Sim, meu caso de amor mais recente. E, juro, eu não esperava.
Mas estou apaixonada pela madrugada.

10.9.10

[fim de] SEMANA

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[segunda]
Hoje eu acordei para ser traço.
Rabisco, desenho, letra.
Acordei pro papel.
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[quarta]
Ai, eu acordei é para ser traça.
Envelhecer. Apodrecer. Amolecer.
Destruir qualquer rascunho de mim.
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[sexta]
Tudo para poder ser troço.
Beber, amar, esquecer. Hoje eu topo qualquer negócio.
Traço qualquer traça desse troço.

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2.9.10

Futuros amantes

E talvez seja essa minha habilidade maior:
Transformar amor que acaba em mais amor
Trocar o querer pelo querer bem
O gostar muito pelo gostar além

Sim, amores serão sempre amáveis.
Se pudesse viveria de vidas passadas
Só para não passar a vida sem eles.