28.7.07

Voltaire

Ah, elas voltaram
É, eu voltei
Ah, as aulas não voltaram
É, eu também não voltarei

26.7.07

Se um dia eu escrever minha biografia, será chata e quadrada.
A menina que não quer salvar o mundo, nem fugir de casa.
Que é santinha do pau oco, quem sabe, mas certinha por costume.
Que não repara em nada, mas sabe de tudo.
Que quer um mundo feliz, mas tem preguiça da revolução.
Que não dorme a tarde, acumula sono e chora quando boceja.
Que fica até o Sol raiar para emendar com o trabalho às 8h.
Que não bebe, não fuma, não cheira e mente um pouquinho.
Que viveria do brigadeiro que sabe fazer ou dos chocolates que sabe gostar.
Que só compromete seu equilíbrio pelo vício descontrolado de doces, de risos e de escrever.
A menina que mentirá pros filhos que foi a mais doidona da faculdade, para não parecer uma mãe tão careta do século passado.
Aquela que nunca esquecerá os amigos que acumulou pela vida toda.
E que sempre agradecerá a família que tem: se pudesse escolher uma, não sairia tão perfeita.

Se um dia eu escrever minha biografia, será chata e quadrada.
Mas será a única forma de conhecerem a menina como ela realmente é.
E a imagem construída, temerão alguns, irá ao chão?

15.7.07

O namorado não pergunta mais se tô bem, mas se já fui caminhar hoje.
O amante reclama que tô atrasada, quer saber com quem eu estava.
O maridão acha que tô mudada, porque passei a gostar de novelas.
O filho quer a mãe namorando o coleguinha broto - e rico.
Ah, Senhor, onde foi que eu errei?

12.7.07

Passaporte
Passa ponte
Passa posto
Passa porto
Passa poste
Passa boi
Passa boiada
E de bóia, nada
E de jóia, necas
E de histórias, chega.

Passaporte
Passa sorte
Me passa forte
Esse passaporte

9.7.07

Eu preciso vir aqui fazer o social
Dizer que julho chegou, as férias chegaram, o caos aéreo chegou - e ficou
Tenho que sorrir de graça, pra zelar da imagem
Mesmo que eu não tenha recesso e nem ande de avião.
Meu sétimo mês será aqui, eu e você, você e eu.
No máximo, algumas garatujas entre nós
Os amigos viajam, o que deixam as férias perigosamente depressivas
Os pais viajam e já não podem me levar mais, fico órfã
Os carros das ruas viajam, os biquínis viajam, as viagens viajam
Tudo desaparece. E eu aqui, casa-trabalho-casa
E um trânsito entre os destinos, pra quebrar a rotina
Falo da experiência de dois anos e meio ininterruptos, descansando só finais de semana
Acabei com seu espírito de férias?
É, também me descobri uma estraga prazeres
Mas se chateou por nada, eu adoro não ter férias!
Mais de cinco dias à toa me cansam
Ver TV me cansa, dormir, olhar pro nada, acabar o assunto, tudo me cansa
Até sol e piscina, e cerveja, que nem bebo, me cansam
Por isso, viva o mês de julho!
Viva as pseudo-férias, o trabalho e o sofrimento estereotipado.
Estou bem, não se preocupem
E só desacreditem de mim se eu começar a aparecer muito por aqui
Garatujas demais são perigosamente depressivas
Mas...
Eu preciso vir aqui fazer o social