27.8.06

AVENTURA 2: A GARAGEM

- Marcelinha, coloca o carro aqui dentro.
- Eu não tia, muito difícil subir essa rampinha. Vou ver vaga lá na frente.(...) Ih tia, não tem. Então guarda você o carro pra mim?
- Marcelinha, é só colocar 1a e acelerar.
- Não, guarda aí.
E de repente,não mais que de repente, vem o surto do "Você é capaz".
A pseudo-motorista olha firme para o destino e acredita que pode conseguir a façanha da garagem com rampa.Sem avisar a tia, que já estava conformada em estacionar o carro para a sobrinha, ela coloca a 1a e acelera. Aceleeeera.
E freia.

Ai! Quase que a cozinha foi embora de vez.
Não ligaria muito se fosse um quarto, um banheiro... Mas a cozinha... Ufa, foi por pouco!

25.8.06

A GOIANA EM BRASÍLIA
Aventuras de um projeto de motorista

Não bastasse apanhar dos ônibus de Brasília, eis que agora começa minha saga motorizada na capital.
Tem quase um ano que tirei a carteira.
Tem quase duas semanas que comecei a efetivamente dirigir.
Dirijo mais sozinha, porque nessa cidade se vive muito com você mesmo.
Não tenho mais medo de andar comigo, mas ainda confio mais nos outros.
Qual a graça de publicar seus podres na direção para o mundo?
Na pior das hipóteses, me acharão muito muito ruim e quando, na última opção, precisarem de uma carona minha, pensarão que não fui tão mal assim.

AVENTURA 1: O TRAVECO
Marisa Monte. Tranquilidade. 60 km/h, porque é a velocidade permitida nesse trecho. Tudo tão calmo que nem parece o Terceiro dia de direção.. Estou chegando no trabalho... Até arrisco um assobio. Mas o barulho que escuto é a freada domeu próprio carro. Meus reflexos não me abandonam! Por pouco não atropelo um traveco meio bêbado, meio andarilho, meio muito distraído que atravessou onde não devia. A gente tem que dirigir pela gente e pelos outros. Espero que muitas pessoas lembrem-se de dirigir por mim. Mas esse traveco... Ô viado!

15.8.06

E a minha primeira manifestação poética, devidamente guardada pela senhora minha mãe, era assim:

"Ah um belo segredo que você não vai esquecer nunca:
este segredo é a vida."

Profundo, não?
Que mãe ligaria para o erro em relação ao verbo haver diante de uma poesia tão mágica?
Nessa época, minha idade não chegava a duas casas decimais.
E não é que é da vida que a gente não pode esquecer nunca?
Agora o segredo... contei muito rápido!

11.8.06

Já fui me embora pra sempre e voltei renovada
Já fiz tudo o que podia e não adiantou nada.
Então joguei tudo pro alto e eles mudaram por mim.
Troquei de emprego, de roupa, de coisa boa, coisa ruim.
Descobri as pessoas que meu id já tinha descoberto
E elas me foram essenciais no momento mais certo.
Comecei a detestar rimas, mesmo que elas me sigam como agora
Comecei a adorar tanta gente e não querer mais ir embora.
Um carro pra quem não sabe dirigir
Saudades pra quem não sabe partir
Emprego novo pra quem já estava acomodada
Vida nova pra quem não liga muito pra nada.
Vou sair sem direção
Vou escolher sem opção
E quando o céu parecer escuro demais
Eu giro a chave e deixo tudo pra trás.

3.8.06

Vou-me embora pra sempre até quarta-feira.
E vou deixar família, emprego, amigos
Pra me encontrar com a outra família, o outro emprego e os outros amigos.
Vou-me embora pra sempre até quarta-feira.
E não vou querer voltar nunca mais até semana que vem.
Agora sou adepta do pra sempre e só agora
Sou do partido do querer ficar e ir embora.
A noite hoje foi agitada e dormi como um anjo.
Vou-me embora triste pra sempre e, ai que bom, até quarta-feira.
E esse tempinho será o maior, o melhor e o menos suficiente.
Tanta coisa pra fazer pra sempre... e só tenho até quarta-feira!
Fui-me embora. Pra quarta-feira de sempre.

1.8.06

E essa menina dos olhos brilhantes já não sonha mais. A córnea apagada, o sorriso aprisionado, é tudo tão estranho! De tanto pra sempre, virou nunca mais. De tanto amor, melhor desistir. A menina dos olhos só chora pra dentro. A menina dos olhos sorri só pra fora. E ela parece tão normal. E ela parece tão bem. Quem a conhece?
E esse menino dos olhos brilhantes já não ama mais. O coração fechado, o rosto tristonho, é tudo tão estranho! De tanto eu te amo, melhor esquecer. De tanto sofrimento, ficamos assim. O menino dos olhos se culpa por dentro. O menino dos olhos culpa a estrada lá fora. E ele parece tão normal. E ele parece tão bem. Quem o decifra?