28.4.06

Menina abstrata

Eu sempre gostei de ser abstrata, mas hoje quero ser concreta.
Eu sempre fui tão errada, e hoje quero ser correta.
Porque a gente é assim tão inconstante?
De fazer o perfeito ficar ruim num instante?!
Eu hoje acordei com o pé esquerdo, mas com cabeça de direita!
Tão inconstante dos pés a cabeça!
Será que só eu sou assim tão complicada?
Será que só pra mim existe tudo ou nada?
Às vezes acho que sim... Depois já penso que não.
Briga desejo com pudor. Discutem cabeça e coração.
Se eu ficar, você vai vir? E se eu for embora, quem vai perder mais?
A Lua parece insuficiente... e o Sol não me satisfaz.
Não sei se falo, não sei se calo. Se peço ou se agradeço.
Não sei se rasgo, se lembro ou se esqueço.
Nada do que sei é certo.
Nada do que é certo eu sei.
Complicado... mas normal!
A minha inconstância é a sua dúvida. Eu sou toda a sua dúvida!
Mas preciso primeiro me entender pra depois ouvir seus desaforos!
Gosto de ouvir o silêncio e de enxergar o invisível.
Gosto de tocar o nada e sentir o inexistente.
Tente.
Eu hoje quis ser concreta mas, não tem jeito...
Gosto mesmo é de ser abstrata!

27.4.06

Aniversários... Aniversários?

Aniversários... Aniversários?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!

5.4.06

Decidi que vou ser melhor.
Não vou mais ser impulsiva nem pensar duas vezes.
Vou começar a pensar três, quatro, infinitas.
Vou parar de ir atrás. Vou hesitar de tomar a frente.
Nem chefia, nem sobra.
Eu por mim
Mim por todos
Todos e ninguém.
Vou dizer não ao chocolate
E depois pedir perdão. Que eu não vivo sem você
e esses clichês mais de quando a gente implora.
Vou me separar dos livros
Pra depois reatarmos.
Vou deixar de ser clean, de ser cool
Pra ser fashion. E vazia.
Quem sabe eu fique mais integrada.
Quem sabe as pessoas se identifiquem mais comigo.
Porque qualquer um se identifica com o comum.
O que todos são
Mas ninguém é.
O que todos possuem
Mas ninguém tem.

Não quero ser igual.
Não quero ser diferente.
Não quero que pensem que este texto é sobre mim. E quero que pensem.
Não são duas pessoas em uma só.
São mil.
E me fazem falta.

* Texto de 25.06.05

3.4.06

Ei, esses olhos, me devolva!
Quero de volta tudo, inclusive a mão calejada.
Ferida, arranhão e roxo na perna, quero tudo.
Não aguentaria viver sem o semblante sofrido também.
Dê cÁ! Coloque-o aí!
Amargo, cansado, desiludido. Quero quero quero.
E preguiça... quase esqueço!
Bote aí, bote aí. É minha, é meu.
Vai saindo e levando meu ganha-pão, é? Depois da prosa, o proveito.
Não pode dar brecha que leva tudo...
Vai banalizar o que é meu, é? Piratear minha vidinha melancólica?
Ai santo Deus, vai virar moda!
Quem mais reclama sobe o ibope... Não não não, sem vulgarizar a coisa.
A onda ainda é felicidade, família perfeita, mundo ideal.
Volte já com esses hematomas e me deixe em paz com o que é meu.
Devolve tudo, não estou patenteando nada.
Se veio só conhecer, agradeço.
Mas é proibido levar qualquer peça do meu sofrimento.