26.11.06

NADA PESSOAL (setembro/2005)

Pra que pensar em nós dois
Se sou teoria, você é prática?
Se sou realista e você é dramática?
Se sou português e você, matemática?

Pra que buscar em você
O brilho do luar, se prefiro o dia?
O poder do monarca, se sou democracia?
A paz de casa, se sou boêmia?

Não, não é certo pensar em nós dois
Quando sou esquerdo e você direita
Quando sou candidato e você é a eleita
Quando sou errado e você, tão perfeita.

E será que daremos certo
Se você é prolixa e eu sou direto?
Você é tão savana e eu tão deserto
Você ave... eu inseto.

Não entendo porque te gosto tanto...
Você tão ímpar, eu tão par
Você tão certa, eu tão irregular
Você tão moderna e eu secular.

Façamos um só desses nós dois
Com todas nossas indefinições
Todos nossos contumes e invenções
E todas as nossas perfeitas contradições.

20.11.06

Me ame Miami Me ama
Assim A fim No fim
Por muito Por pouco Por muito pouco
Não sei Até sei que Pensei
Talvez Uma vez Só vocês
Eu corro Eu morro Eu paro
Mas só paro em Miami
Me ame, Miami.

14.11.06

O jornalismo é muito mais legal no meu imaginário.
Muito mais fácil, muito mais bem remunerado, muito menos escravista.
O jornalismo, eu acredito, é coisa da imaginação
Coisa da mídia, das massas, da máfia.
É tudo uma máfia e eu estou me corrompendo pra fazer parte dela
Mas não quero e é o que eu mais busco.
O jornalismo está acabando comigo
Eu estou acabando com o jornalismo.
Quero de volta as coisas cômodas, fáceis e acessíveis
Quero a assessoria de imprensa!
Não quero mais isso de ser sempre insuficiente
De nunca ter apurado o bastante
De sempre ser infeliz na escolha do olhar
Êta mundo triste que eu me envolvi
Quase mais sem vida social do que médico e afins
Não quero viver pro jornalismo
Quero que o jornalismo viva para mim.
Mas as coisas, pelo visto, estão trocadas.
Não estou decepcionada com o curso...
Isso seria uma abordagem comum demais.
E o jornalismo odeia o que é comum.