28.5.07

Como um rato de laboratório, ela vive uma vida programada. Está condicionada a abrir primeiro o orkut, depois o e-mail e então o site do Campus. Acostumou-se a discar sempre o mesmo número, mesmo que queira falar com alguém novo. Condicionou-se a acordar sete minutos antes do despertador. A entrar no carro e girar a chave, ligar o rádio, começar a andar e só então colocar o cinto de segurança.

Ela está condicionada a achar a vida boa e não reclamar. Foi criada para organizar e ser “proativa”, não para dar ordens. A menina, coitada, acostumou-se a fazer muita coisa e fica cansada de fazer nada. Seu dia começa e termina sempre do mesmo jeito, com ela rezando para agradecer que tudo tenha saído exatamente igual – e certo. Ela foi condicionada a não chorar, não falar palavrão e evitar confrontos pessoais.

Como um rato de laboratório, ela encheu. Não quer mais saber o roteiro do dia seguinte e os passos das próximas semanas. Não quer ligar sempre para a mesma pessoa e no mesmo horário. Não quer mais abrir os Meus documentos e ir automática na pasta da UnB. Não quer se culpar por não ter tempo de ler um livro. Ela quer e não quer sair dessa vida condicionada. Porque ela se acostumou a fazer tudo igualmente certo. E ela está condicionada a achar a vida boa e não reclamar.

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