30.4.07

2.0

Vinte anos.
Os doispontozero chegam em uma velha nova etapa.
O estágio muda, os amigos ficam.
O número do celular é outro e novas pessoas ligam.
A nova cidade torna-se cada vez mais familiar e mais minha
Outro amor, mesmo namorado.
Pais diferentes de antes: mais maravilhosos ainda.
Textos mais pessoais, a vida mais exposta
Saudades como sempre
Para a fase dos vinte, quero trinta, quarenta, mil motivos para viver mais
Amar mais
Tentar mais
Conseguir mais
Sorrir mais
Para que tudo seja mais, só preciso de uma coisa:
Os mesmos vinte que tive há vinte anos atrás

13.4.07

Sobre projetos e despertadores

E se alguém me perguntasse agora qual o meu projeto de vida, responderia: acordar sem despertador. Não que eu seja uma pessoa preguiçosa de manhã, isso seria fingimento poético. Funciono melhor de dia do que à noite, sou adepta ao sol, não às madrugadas. Mas acordar sem o grito estridente do controlador de sonhos seria a forma de me desprender. E eu seria a dona do meu sono, do meu tempo, das minhas obrigações.

Se alguém me parasse agora na rua pra saber o que, afinal, eu espero desse Brasil, eu responderia: que menos pessoas me perguntem isso, pra ter mais gente executando as respostas. Um tom mal-educado, confesso, mas certamente a abordagem aconteceria na hora mais drástica da minha segunda-feira. E, claro, no dia em que o despertador teria destruído meu melhor sonho.

É um caos. E, no fim, ninguém vai me perguntar nada porque quem faz as perguntas sou eu. É a minha obrigação questionar, forçar, tirar de alguém o que ela não quer. Sou quase um despertador. Sou quase o pesquisador do futuro do Brasil. Quase. O limite tão tênue entre o que sou e o que eu devo ser, quero ser, posso ser, não sei ser. Tenho preguiça de acordar as pessoas, de abordá-las no sol escaldante. Mas, se não sirvo pra ser despertador-pesquisador, não sirvo pra ser jornalista.

E se alguém me perguntasse agora qual o meu projeto de vida, responderia: algo totalmente oposto ao seu.

9.4.07

Eu sou um ponto
Eu sou o tonto
Eu sou o conto do vigário
Eu sou o erre
Eu sou o eita
Eu sou o trajeto rodoviário
Eu sou o ser
Eu sou o estar
Eu sou em parte dicionário
Eu sou querer
Eu sou fazer
Eu sou o poder imaginário
Eu sou o oculto
Eu sou o culto
Eu sou a chave do armário
Eu sou tremor
Eu sou calor
Eu sou o amor em inventário
Eu sou o branco
Eu sou o santo
Eu sou todo o calendário
Eu sou consumo
Eu sou trabalho
Eu sou produto terciário
Eu sou aquela que tenta sempre
Não terminar o noticiário.

2.4.07

Com sono eu durmo, sem fome eu como.
Como com sono pra dormir com fome.
Chocolate de almoço, arroz de sobremesa
Sobre a mesa só a mesa
E sobe à mesa a sobremesa.
Odeio rima em poema, principalmente as mais óbvias.
Adoro ser básica pra exagerar.
Falo depois que penso, penso quando não falo
Observo tudo e nada reparo
Namoro à distância, amor ao próximo
Família longe, saudades demais
Coisas ilógicas e reais
Se a lógica fosse real, o ilógico aconteceria?
Aos dois anos levei ponto no olho
Olho o ponto e aponto o olho
Acho que isso explica tudo
Depois do ponto, o ponto final.