26.1.07

"O coração bate à porta e tudo é festa.
O coração bate a porta e nada resta."

Um tédio. O trabalho corrido dela é um tédio. Ela gosta de se ocupar, de ter milhares de coisas pra fazer num tempo só, um tempo único, um tempo desesperante. Ela tinha certeza que seria assim. Correr contra o relógio que, entretanto, parece tão lento. Qua-se pa-ran-do. Quase paro. Quase ando.

Uma loucura. A vida dela é uma bagunça! Como consegue viver daquele jeito, sem calcular os passos, sem planejar a próxima semana, o próximo mês, o próximo mandato? Meu Deus! É muita imprecisão pra mim, é muito tranqüila pra mim. Ela é muito. Ela é pra mim.

O computador travou um milhão de vezes. A paciência dela, que eu tanto admirava, não é tão admirável assim. O budismo de seus olhos acho que alguém exorcizou. Como ela consegue ser aquela em um instante e mudar de repente de supetão? Como ela consegue ser super? Como ela consegue ser tão?

Suas palavras são calculadas, seus passos são estratégicos, suas atitudes previsíveis. Ela sempre age da mesma forma inesperada que já conheço, mas esqueço. Ela acha que assim, cheia de surpresas, ela será surpreendente. Ela é toda inconstante, ela é toda momento, ela está em constante movimento.

Quando você parar de ler sobre ela, começará a ler sobre você. Ela impregna. Ela vicia como perfume barato e cheira forte como chocolate. Uma coisa tão doida, uma coisa tão maluca, preciso me libertar. Não eu, ela. Ela precisa aprender a não influenciar as pessoas, a cuidar da própria vida, a me deixar quieta. Ela não me deixa. Ela me inquieta.

Se você se encontrar com ela, fale bem baixinho, mas não se aproxime demais de seu ouvido. E então, diga que mandei lembranças, mas das piores. Diga que morri, que mudei de país, que virei astronauta. Não quero que ela volte, não quero que ela me procure. Diga que sai por aquela porta e não voltei mais. Diga que voltei. Diga mais, diga mais.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e

21/11/09 00:32  

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